Símbolos Queimados - Como Se Destrói uma Civilização
Cultura, no sentido elevado do termo, sempre foi a atmosfera invisível que estrutura o espírito de uma civilização: o conjunto de símbolos, mitos, narrativas e rituais que ligam o homem ao eterno, ao verdadeiro, ao sagrado. Ela não é um adorno da vida, mas sua arquitetura invisível. Para o homem moderno, amputado de suas raízes metafísicas, “cultura” se tornou um rótulo publicitário, uma embalagem estética para o grotesco, uma moldura oca em torno de nada. O que antes era sacrário do logos, hoje é vitrine de vaidades.
Essa transfiguração não foi espontânea, tampouco inevitável. Não é fruto do “progresso”, mas obra de um projeto, sim, um projeto cujos agentes souberam operar com precisão cirúrgica sobre as camadas simbólicas da sociedade. O marxismo cultural não é teoria da conspiração, é o nome vulgarizado de uma estratégia real, embora desdenhado pelos sabujos da academia, aqueles que se escondem, e buscam abrigo da realidade sob o guarda-chuva furado de Foucault ou Derrida.
A Escola de Frankfurt, com sua astúcia pseudocientífica e sua retórica revolucionária disfarçada de “crítica cultural”, percebeu com clareza: para destruir uma civilização, não é preciso exércitos, basta dissolver os símbolos que estruturam sua alma. Sem transcendência, o homem retorna ao estado de larva: um consumidor de estímulos, incapaz de contemplação, de sacrifício, de verdade. A propaganda ocupa o lugar do rito; o escândalo, o do símbolo.
Nada disso é acidental. O esvaziamento da linguagem é parte do programa. Termos como “liberdade”, “justiça”, “direitos humanos” são usados não para iluminar, mas para manipular. Tornaram-se palavras-totem, disfarces linguísticos que escondem a realidade sob uma névoa de sentimentalismo barato. O que deveria ser filosofia virou chantagem emocional. Trata-se de uma reengenharia semântica, onde os conceitos não são aprofundados, mas adulterados precisamente para evitar que o espírito escape à domesticação.
Nessa degradação, os novos sacerdotes não usam túnicas, mas microfones, câmeras e cargos públicos. São jornalistas militantes, artistas subvencionados, professores doutrinadores, todos repetindo o mesmo: a desconstrução sistemática da memória, da moralidade e da identidade. O espetáculo da decadência é servido com pompa e louvor, enquanto a plateia, encantada pela estética do choque, aplaude sua própria ruína, sem notar que assiste à encenação de um suicídio civilizacional.
A estética, outrora veículo do sagrado, hoje serve à pornografia do ressentimento. A arte não eleva mais: rebaixa. Não sugere o eterno mas impõe o efêmero. E o efêmero, por definição, não tem tempo para a verdade. As redes sociais, instrumentos supostamente neutros, se tornaram templos de culto ao instante, onde o Logos é sacrificado no altar do algoritmo.
A cultura não é entretenimento, é território de guerra simbólica. E toda guerra simbólica é uma guerra pela alma.
José Rodolfo G. H. de Almeida é escritor e editor do site www.conectados.site
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