Domine a Norma Culta
Bem-vindo ao Estudo de Língua Portuguesa promovido pelo site www.conectados.site — um percurso gratuito destinado a todos que aspiram compreender, com rigor e profundidade, os fundamentos do idioma que nos constitui.
Este estudo propõe-se como um convite à consciência linguística — um exercício de domínio da língua que ultrapassa a comunicação cotidiana, alcançando a compreensão mais ampla do mundo, do outro e de si próprio.
Ao longo deste caminho, você será conduzido da fonética à semântica, passando pelos alicerces gramaticais que estruturam a nossa expressão e o nosso pensamento.
Ignorar a própria língua é ser estrangeiro em sua própria mente. Dominar o português é mais que uma necessidade: é um ato de afirmação existencial.
Sumário
1. Fonética e Fonologia
2. Acentuação
3. Nova Ortografia
4. Ortografia
4.1 Uso de S e Z
4.2 Uso de J e G
4.3 Uso de X e CH
5. Processos de Formação de Palavras
5.1 Derivação
5.2 Composição
5.3 Hibridismo
5.4 Estrangeirismo
5.5 Onomatopeia
5.6 Morfologia
5.6.1 Morfema
5.6.2 Radical
5.6.3 Desinência Verbal e Nominal
6. Classes de Palavras
7. Análise Sintática – Período Simples
7.1 Sujeito
7.2 Predicado
7.3 Transitividade Verbal
7.4 Complemento Verbal (OD, OI, ODI)
7.5 Complemento Nominal
7.6 Aposto
7.7 Vocativo
7.8 Adjunto Adverbial
7.9 Adjunto Adnominal
7.10 Predicado do Sujeito e do Objeto
7.11 Agente da Passiva
8. Análise Sintática – Período Composto
8.1 Orações Coordenadas
8.2 Orações Subordinadas Substantivas
8.3 Orações Subordinadas Adjetivas
8.4 Orações Subordinadas Adverbiais
8.5 Orações Reduzidas
9. Concordância Verbal
10. Concordância Nominal
11. Regência Verbal e Nominal
12. Crase
13. Pontuação
14. Semântica
14.1 Figuras de Linguagem
14.2 Homônimos, Parônimos, Sinônimos e Antônimos
14.3 Funções da Linguagem
14.4 Variação Linguística
Aula 1. Fonética e Fonologia
Definições Iniciais
Fonética e fonologia são áreas da linguística que estudam os sons da fala, mas com focos diferentes:
Fonética: estuda os sons da fala do ponto de vista físico e articulatório, ou seja, como os sons são produzidos pelo aparelho fonador (boca, língua, cordas vocais etc.).
Fonologia: estuda os sons do ponto de vista funcional, ou seja, como esses sons funcionam dentro de um sistema linguístico (diferenciando palavras, por exemplo).
1.1 Fonema e Letra
Letra: é a representação gráfica (escrita) do som. Ex: A, B, C.
Fonema: é a menor unidade sonora da fala. Ex: a palavra “casa” tem 4 letras e 4 fonemas: /k/ /a/ /z/ /a/.
Exemplo prático:
Palavra: “táxi”
Letras: 4 (T, A, X, I)
Fonemas: 5 (/t/ /a/ /k/ /s/ /i/) – porque o X representa dois sons.
1.2 Classificação dos Fonemas
a) Fonemas vocálicos:
São os sons das vogais e semivogais.
Vogais: sons produzidos com passagem livre de ar.
A, E, I, O, U
Semivogais: sons mais fracos que acompanham uma vogal na mesma sílaba.
Ex: “pai” (/paj/) → “i” é semivogal
Ex: “muito” (/mũjto/) → “u” é semivogal
b) Fonemas consonantais:
Sons produzidos com obstáculos à passagem de ar.
Representados por consoantes: B, C, D, F, G, etc.
1.3 Encontros Fonéticos
Encontro vocálico:
Quando duas ou mais vogais ou semivogais aparecem juntas na mesma palavra.
Tipos:
Ditongo: vogal + semivogal (ou vice-versa) na mesma sílaba.
Ex: céu, caixa, leite.
Tritongo: semivogal + vogal + semivogal.
Ex: Uruguai, iguais.
Hiato: duas vogais em sílabas diferentes.
Ex: saída, poesia.
Encontro consonantal:
Duas ou mais consoantes juntas na mesma palavra.
Ex: plano, breve, crise.
Dígrafos:
Duas letras que representam um único fonema.
Consonantais: ch (chuva), lh (olho), nh (banho), rr (carro), ss (massa), sc, sç, xc.
Vocálicos: am, an, em, en (antes de consoantes ou no fim da sílaba).
Ex: campo (/kãpo/), tempo (/tẽpo/).
Obs: O hiato e o ditongo são dois tipos de encontro vocálico, mas a diferença entre eles está na separação silábica e na intensidade das vogais.
O hiato acontece quando duas vogais fortes aparecem juntas na escrita, mas ficam em sílabas separadas na fala.
Exemplos de Hiato:
sa-í-da → "a" e "í" são vogais e estão em sílabas diferentes.
po-e-si-a → "o" e "e" não se juntam na mesma sílaba: po-e.
vi-ú-va → "i" e "u" são vogais aqui, não semivogais, e se separam: vi-ú.
Dica para identificar:
Se você pronuncia cada vogal de forma clara e separada, é hiato.
Geralmente, uma dessas vogais é acentuada, principalmente o "i" ou o "u": saída, país.
O ditongo ocorre quando uma vogal e uma semivogal (ou o contrário) ficam juntas na mesma sílaba.
Exemplos de Ditongo:
pai → "a" (vogal) + "i" (semivogal): uma só sílaba.
céu → "é" (vogal) + "u" (semivogal): uma só sílaba.
cai-xa → “cai” é uma sílaba com ditongo.
Teste rápido:
Diga a palavra em voz alta.
Se você sente que tem que abrir a boca duas vezes (uma para cada vogal), é hiato.
Se as vogais saem juntas como um só som, é ditongo.
1.4 Divisão silábica
Separar as palavras em sílabas conforme a sonoridade.
Exemplos:
ca-sa
a-mor
re-gra
em-pre-sa
1.5 Classificação das palavras quanto à tonicidade
Oxítonas: última sílaba é a tônica. Ex: café, também, cipó.
Paroxítonas: penúltima sílaba é a tônica. Ex: mesa, lápis.
Proparoxítonas: antepenúltima sílaba é a tônica. Ex: lâmpada, médico, rápido.
1.6 Transcrição Fonética (Avançado, mas útil)
Representação de sons por símbolos do AFI (Alfabeto Fonético Internacional).
Exemplo:
“gato” = [ˈga.tu]
“fácil” = [ˈfa.siw]
Isso é útil para estudo mais técnico ou linguístico do português.
Resumo
Termo e significado:
Letra -Representação gráfica do som
Fonema - Unidade sonora mínima
Vogal - Som forte e livre de obstáculos
Semivogal - Som fraco que acompanha uma vogal
Consoante - Som com obstáculos no trato vocal
Ditongo - Vogal + semivogal ou vice-versa na mesma sílaba
Tritongo - Semivogal + vogal + semivogal
Hiato - Duas vogais em sílabas diferentes
Dígrafo - Duas letras = 1 som
Oxítona - Última sílaba tônica
Paroxítona - Penúltima sílaba tônica
Proparoxítona - Antepenúltima sílaba tônica
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Aula 2 – Acentuação Gráfica
A acentuação gráfica na língua portuguesa segue regras bem definidas, cuja função principal é marcar a sílaba tônica de uma palavra, além de diferenciar significados, indicar nasalidade ou fusão de vogais. Esta aula apresenta os tipos de acentos, suas funções, regras de uso e as principais exceções.
2.1 Por que usamos acentos gráficos?
No português, utilizamos sinais gráficos para indicar:
- Tonicidade (qual sílaba da palavra é pronunciada com mais intensidade)
- Qualidade do som vocálico (aberto ou fechado)
- Distinção entre palavras de mesma grafia (homônimos)
- Nasalidade
- Fusão de vogais idênticas (crase)
Sinais gráficos usados:
Acento agudo ( ´ )
Indica vogal aberta e tônica:
Ex: café, até, pé
Acento circunflexo ( ^ )
Indica vogal fechada e tônica:
Ex: você, pêssego, avô
Acento grave ( ` )
Não marca tonicidade. É usado para indicar a crase, ou seja, a fusão da preposição "a" com o artigo ou pronome também "a":
Ex: Vou à escola. / Cheguei àquela hora.
Til ( ~ )
Indica nasalização da vogal:
Ex: irmão, maçã, órgão, manhã
Observação: O til frequentemente aparece em sílabas tônicas, mas sua função é nasalizar o som, e não indicar a tonicidade diretamente.
Trema ( ¨ )
Usado antes das letras "u" nos grupos "gue", "gui", "que", "qui" para indicar a pronúncia do "u".
Foi abolido em palavras portuguesas com a Reforma Ortográfica, mas permanece em nomes próprios estrangeiros:
Ex: Müller, Bündchen
2.2 Classificação das palavras quanto à tonicidade
As palavras podem ser classificadas de acordo com a posição da sílaba tônica:
Oxítonas: última sílaba é a tônica
Ex: café, sofá, cipó
Paroxítonas: penúltima sílaba é a tônica
Ex: mesa, lápis, tórax
Proparoxítonas: antepenúltima sílaba é a tônica
Ex: lâmpada, médico, rápido
Todas as proparoxítonas são acentuadas.
2.3 Regras de Acentuação (Principais casos)
A) Oxítonas
Acentuam-se as palavras terminadas em:
a(s), e(s), o(s)
Ex: café, sofá, cajá, paletó
em, ens
Ex: armazém, também, armazéns
Não se acentuam: palavras terminadas em i ou u, quando sozinhas na sílaba final e não seguidas de outra vogal.
Ex: Tuiuiú (acentua porque o "u" está em sílaba tônica isolada)
B) Paroxítonas
Acentuam-se quando terminam em:
i(s), is, us, um, uns, r, l, n, x, ps, ão, ã, ei, i, u
Ex: lápis, vírus, álbum, bíceps, tórax, hífen, júri
Não se acentuam: paroxítonas terminadas em a(s), e(s), o(s) (que são acentuadas quando oxítonas).
Ex: mesa, livro, telefone
C) Proparoxítonas
Regra simples:
Todas são acentuadas.
Ex: lâmpada, mágico, pálido, público
2.4 Regras Especiais e Casos Particulares
Hiato com “i” e “u” tônicos
Acentuam-se “i” e “u” tônicos que:
- Formam hiato com a vogal anterior
- Estão sozinhos na sílaba
- Não estão seguidos de “nh”
Ex: baú, saída, país, saúde
Não se acentuam: rainha, moinho (porque o "i" está junto do "nh")
Verbos com "i" ou "u" tônicos nas terminações
Ex: eu saí, ele constrói, ela possui
Palavras homônimas com acento diferencial
Acento usado para distinguir palavras de mesma grafia, mas com sentidos diferentes.
Exemplos:
pôde (pretérito) × pode (presente)
pôr (verbo) × por (preposição)
Formas verbais com pronome oblíquo
dê-lhe, dê-nos, pô-lo, fazê-lo
Observação: seguem a acentuação do verbo principal.
2.5 Reformas Ortográficas e Mudanças na Acentuação
A Reforma Ortográfica (2009) aboliu alguns acentos, como:
O trema em palavras de origem portuguesa
Ex: linguiça, consequência
O acento em palavras com “i” ou “u” tônicos em verbos com “gu” ou “qu” antes dessas letras, quando o som do “u” é pronunciado
Ex: averigúe → averigue, enxágúe → enxague
O acento de “pára” (verbo parar)
Agora: para
Resumo
Termo e significado:
Acento agudo - Marca vogal tônica e aberta (Ex: café)
Acento circunflexo - Marca vogal tônica e fechada (Ex: você)
Acento grave - Indica a crase (Ex: à escola)
Til - Marca nasalidade (Ex: irmão)
Trema - Indica pronúncia do “u” (abolido em palavras comuns)
Oxítona - Última sílaba tônica (Ex: café)
Paroxítona - Penúltima sílaba tônica (Ex: lápis)
Proparoxítona - Antepenúltima sílaba tônica (Ex: lâmpada)
Hiato - Separação silábica entre duas vogais (Ex: saída)
Crase - Fusão de preposição + artigo (Ex: à escola)
Acento diferencial - Distingue palavras idênticas na grafia (Ex: por / pôr)
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Aula 3 – Nova Ortografia
Com o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, algumas regras foram modificadas para unificar a escrita entre os países de língua portuguesa. Veja a seguir o que mudou:
3.1 Inclusão de letras no alfabeto
O alfabeto passou a ter 26 letras, com a inclusão de K, W e Y.
Exemplos:
kayak, watt, yen
3.2 Fim do trema
O trema (¨) foi abolido em palavras de uso comum. A pronúncia continua a mesma.
Antes: lingüiça, conseqüência
Agora: linguiça, consequência
Obs.: o trema permanece em nomes estrangeiros e seus derivados (ex: Müller).
3.3 Regras do hífen com prefixos
Prefixo + vogal diferente → Sem hífen
autoescola, aeroespacial
Prefixo + mesma vogal → Com hífen
micro-ondas, anti-inflamatório
Prefixo terminado em consoante + mesma consoante → Com hífen
inter-relação, sub-bibliotecário
Prefixo terminado em consoante + consoante diferente → Sem hífen
intermunicipal, subsolo
Prefixos “re”, “co”, “pre” + vogal igual → Sem hífen
reescrever, coautor, preexistente
Uso de “não” e “quase” → Sem hífen
não fumante, quase amigo
3.4 Palavras compostas
Perdem o hífen por representarem uma unidade de sentido
paraquedas, paraquedista, passatempo
Mantêm o hífen por tradição ou clareza
segunda-feira, guarda-chuva, arco-íris
Uso do hífen com “bem” e “mal”
“bem” + palavra iniciada com H → Com hífen
bem-humorado, bem-humorada
“bem” + palavra sem H → Sem hífen (com exceções)
Exceções: bem-vindo, bem-sucedido
“mal” + palavra iniciada com vogal → Sem hífen
mal educado, mal acabado
“mal” + palavra iniciada com H ou consoante → Com hífen
mal-humorado
Resumo
O alfabeto passou a ter 26 letras (K, W e Y).
O trema foi abolido, mas a pronúncia permanece.
O uso do hífen mudou: Depende da junção do prefixo com vogais ou consoantes.
Algumas palavras compostas perderam o hífen, outras o mantêm por tradição.
Com bem/mal, o uso do hífen depende da letra que inicia a próxima palavra.
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Aula 4 – Ortografia
A ortografia é o conjunto de regras que normatizam a escrita correta das palavras. Dominar a ortografia é essencial não só para se comunicar com precisão, mas também para evitar ruídos de interpretação e transmitir credibilidade.
A língua portuguesa tem diversas armadilhas ortográficas que não seguem uma lógica intuitiva, sendo necessário o estudo e a prática para internalizar seu uso correto.
Nesta aula, vamos nos debruçar sobre três casos muito comuns de confusão: o uso das letras S e Z, J e G, e X e CH.
4.1 Uso de S e Z
As letras S e Z podem representar sons semelhantes, o que gera dúvidas frequentes na escrita.
a) Uso do S
Usa-se S:
Em palavras derivadas de outras com S na forma primitiva:
casa → casar
defesa → defensivo
ensaio → ensaiar
Em palavras terminadas em -oso, -osa (quando indicam qualidade):
precioso, maravilhosa, carinhosa
Nos sufixos -ese, -isa, -oso, -isa:
português → portuguesa
poesia → poetisa
Em verbos derivados de substantivos com S:
análise → analisar
crise → crisar
b) Uso do Z
Usa-se Z:
Em substantivos abstratos derivados de adjetivos, com o sufixo -ez ou -eza:
rico → riqueza
limpo → limpeza
Em diminutivos terminados em -zinho ou -zinha (quando o radical termina em vogal):
mãe → mãezinha
pé → pezinho
Em verbos terminados em -izar (mas atenção: há exceções):
civilizar, organizar, priorizar
Obs: Palavras terminadas em -iso/-isa nem sempre vêm de verbos com -izar.
Ex: análise → analisar (com S), não "analizar"
4.2 Uso de J e G
A confusão entre J e G também é recorrente porque ambas representam o mesmo som /ʒ/ (som de “j”).
a) Uso do J
Usa-se J:
Em palavras de origem tupi, africana ou estrangeira:
canjica, pajé, manjericão, jiboia, jerimum
Em verbos terminados em -jar:
viajar, arranjar, despejar
(e suas formas conjugadas: viajei, arranjei)
Em palavras derivadas de outras com J:
loja → lojista
laje → lajeado
b) Uso do G
Usa-se G:
Antes das vogais E e I, com som de J:
gelo, gente, genealogia
gíria, girafa, gilete
Em palavras terminadas em -ágio, -égio, -ígio, -ógio, -úgio:
estágio, colégio, prestígio, relógio, refúgio
Palavras de origem grega ou latina com G na etimologia:
gesto (do latim gestus), gerar (do latim generare)
4.3 Uso de X e CH
Apesar dos sons parecidos (/ʃ/), há regras e padrões que ajudam a distinguir o uso de X e CH.
a) Uso do X
Após ditongos nas palavras de origem portuguesa:
feixe, peixe, ameixa
Após a sílaba inicial “en” e “me” (quando não se trata de exceções):
enxada, enxame, mexer, mexido
Obs: Exceções: encher, enchente, encharcar, enchiqueirar
Em palavras de origem indígena ou africana:
xaxim, xangô, xavante
Palavras iniciadas com “ex-” que expressam ideia de intensidade ou negação:
excesso, exclusivo, extremo
b) Uso do CH
Na maioria das palavras de origem francesa:
chapéu (chapeau), chalé (chalet)
Palavras do vocabulário tradicional e popular:
chuva, chão, chave, chimarrão
Palavras em que CH é tradicional e não há palavra cognata com X:
cheiro, charco, chifre
Dica
A melhor forma de fixar essas regras é por meio da leitura frequente e da escrita atenta. A ortografia não obedece à lógica, mas à tradição. Por isso, leia bons textos, observe as palavras e, sempre que tiver dúvida, consulte o dicionário.
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Aula 5 — Processos de Formação de Palavras
A formação de palavras é um dos fenômenos mais interessantes da língua portuguesa, pois mostra como a criatividade e a necessidade de expressão levam à criação de novas palavras. Existem diversos processos que permitem essa expansão do vocabulário, como veremos a seguir.
5.1 Derivação
A derivação é um dos processos mais comuns de formação de palavras. Ela consiste na criação de uma nova palavra a partir de uma palavra já existente, chamada de radical, pela adição de afixos (prefixos ou sufixos).
Tipos de Derivação:
a) Derivação Prefixal:
Ocorre quando se adiciona um prefixo antes do radical.
Exemplos:
infeliz (in- + feliz)
desleal (des- + leal)
b) Derivação Sufixal:
Ocorre quando se adiciona um sufixo depois do radical.
Exemplos:
felicidade (feliz + -idade)
livreiro (livro + -eiro)
c) Derivação Prefixal e Sufixal:
A palavra recebe ao mesmo tempo um prefixo e um sufixo, mas pode existir com apenas um deles.
Exemplos:
infelizmente (in- + feliz + -mente)
deslealdade (des- + leal + -dade)
d) Derivação Parassintética:
O prefixo e o sufixo são adicionados simultaneamente; a palavra não existe sem os dois ao mesmo tempo.
Exemplos:
envelhecer (en- + velho + -ecer)
emburrecer (em- + burro + -ecer)
e) Derivação Regressiva:
Forma-se uma nova palavra pela redução da estrutura da palavra primitiva, geralmente criando um substantivo a partir de um verbo.
Exemplos:
compra (de comprar)
luta (de lutar)
f) Derivação Imprópria:
Ocorre quando uma palavra muda de classe gramatical sem sofrer alteração na sua forma.
Exemplos:
o jantar (verbo jantar vira substantivo)
o correr (verbo correr vira substantivo)
5.2 Composição
A composição é o processo de formação de palavras a partir da união de dois ou mais radicais, criando uma nova palavra com significado próprio.
Tipos de Composição:
a) Composição por Justaposição:
Os radicais se unem sem que haja alteração em sua forma.
Exemplos:
passatempo (passa + tempo)
girassol (gira + sol)
b) Composição por Aglutinação:
Os radicais se unem e ocorre alguma alteração em sua estrutura.
Exemplos:
planalto (plano + alto) — houve a perda do “o” de plano.
vinagre (vinho + acre)
Observação:
Tanto na justaposição quanto na aglutinação, a nova palavra possui um significado diferente da simples soma dos significados dos radicais.
5.3 Hibridismo
O hibridismo ocorre quando uma nova palavra é formada a partir da combinação de elementos de línguas diferentes (grego, latim, inglês, francês, etc.).
Exemplos:
automóvel (auto = grego; móvel = latim)
sociologia (sócio = latim; logia = grego)
monóculo (mono = grego; óculo = latim)
Importante:
O hibridismo mostra como a língua portuguesa é aberta a influências externas e à mistura de culturas linguísticas.
5.4 Estrangeirismo
O estrangeirismo é o uso de palavras estrangeiras, tal como são no idioma original, sem tradução.
Exemplos:
shopping
hambúrguer
software
feedback
Observação:
Alguns estrangeirismos são adaptados à grafia e à pronúncia do português ao longo do tempo, outros permanecem como originalmente.
5.5 Onomatopeia
A onomatopeia é a formação de palavras que imitam sons da natureza, de objetos ou de seres vivos.
Exemplos:
tique-taque (som do relógio)
miau (som do gato)
toc-toc (som de batida na porta)
pum (som de explosão ou de escape de gás)
Importante:
A onomatopeia é muito usada em histórias em quadrinhos, literatura infantil e também na linguagem popular para tornar a comunicação mais expressiva.
5.6 Morfologia
A Morfologia é a área da gramática que estuda a estrutura, a formação e a classificação das palavras.
Ela analisa como as palavras são formadas, quais são suas partes (como prefixos, radicais, sufixos) e como elas mudam de forma para expressar diferentes sentidos.
5.6.1 Morfema
Morfema é a menor unidade significativa de uma palavra.
Ele não pode ser dividido sem que perca o seu sentido.
Existem dois tipos principais de morfema:
Morfema lexical: traz o significado principal da palavra (ex.: radicais).
Morfema gramatical: indica relações gramaticais, como gênero, número, tempo verbal (ex.: desinências, afixos).
Exemplos:
menininhas → menin- (radical) + -inh- (sufixo de diminutivo) + -a (marca de gênero feminino) + -s (marca de plural)
cantariam → cant- (radical) + -ar- (vogal temática) + -ia- (tempo/modo) + -m (marca de plural, terceira pessoa)
5.6.2 Radical
O radical é o elemento básico da palavra, que contém a ideia central do seu significado.
A partir dele formamos várias palavras derivadas.
Exemplos:
am-: amor, amável, amador
flor-: florescer, florido, floricultura
escrev-: escrever, reescrever, escritor
Importante:
O radical é como o “tronco” que dá origem a diversas palavras da mesma “família”.
5.6.3 Desinência Verbal e Nominal
A desinência é o morfema que indica flexões nas palavras, ou seja, mudanças de:
Gênero (masculino/feminino),
Número (singular/plural),
Tempo, modo, número e pessoa dos verbos.
Desinência Nominal
Indica gênero e número em nomes (substantivos e adjetivos).
Exemplos:
menino (-o indica gênero masculino)
menina (-a indica gênero feminino)
meninas (-s indica plural)
Desinência Verbal
Indica tempo, modo, número e pessoa nos verbos.
Exemplos:
cantava
-va: desinência modo-temporal (pretérito imperfeito do indicativo)
cantariam
-iam: desinência modo-temporal (futuro do pretérito do indicativo, terceira pessoa do plural)
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Aula 6: Classes de Palavras
As palavras são os blocos de construção do idioma. Cada palavra exerce uma função dentro da estrutura da língua e, para entendê-la plenamente, precisamos classificá-las conforme suas características e papéis.
Classes de palavras são os grupos em que se organizam as palavras da língua, segundo suas funções morfológicas e semânticas. Elas são também chamadas de categorias gramaticais.
A divisão tradicional das classes de palavras em português contempla dez classes, subdivididas em:
Variáveis (alteram sua forma para indicar gênero, número, pessoa, tempo, modo etc.);
Invariáveis (mantêm sua forma, sem flexão).
Vamos agora estudar cada uma delas de forma rigorosa e profunda.
6.1 Classes de Palavras Variáveis
São seis as classes variáveis: substantivo, adjetivo, artigo, numeral, pronome e verbo.
6.1.1 Substantivo
O substantivo é a palavra que dá nome a seres, coisas, lugares, sentimentos, ideias, ações, entre outros.
Exemplos:
Seres: homem, Maria, gato.
Coisas: mesa, caneta, avião.
Lugares: Brasil, escola, cidade.
Sentimentos: amor, tristeza, esperança.
Ideias: liberdade, justiça, sabedoria.
Ações: corrida, estudo, caminhada.
Características:
Flexiona-se em gênero (masculino e feminino), número (singular e plural) e grau (aumentativo e diminutivo).
Exemplos de flexão:
Gênero: menino/menina
Número: livro/livros
Grau: casa/casinha
Classificação dos substantivos:
Comuns: nomeiam seres de forma genérica (cachorro, cidade).
Próprios: designam seres de forma particular e única (Brasil, João).
Concretos: nomeiam seres reais ou imaginários, mas que existem de forma independente (mesa, fada).
Abstratos: nomeiam qualidades, sentimentos, ações ou estados dependentes de outro ser para se manifestar (beleza, amor, corrida).
Coletivos: indicam um conjunto de seres da mesma espécie (alcateia, cardume, multidão).
6.1.2 Adjetivo
O adjetivo é a palavra que qualifica o substantivo, atribuindo-lhe uma qualidade, estado, condição ou característica.
Exemplos:
menino inteligente
flor bela
caminho longo
Flexão:
Concorda em gênero e número com o substantivo que qualifica.
Exemplos:
casa bonita → casas bonitas
menino forte → meninos fortes
Classificação dos adjetivos:
Simples: formados por um único radical (triste, feliz).
Composto: formados por mais de um radical (amarelo-ouro, luso-brasileiro).
Primitivo: não derivado de outra palavra (bom, triste).
Derivado: originado de outra palavra (amável de “amar”; nervoso de “nervo”).
Locução adjetiva: expressão de valor adjetivo formada por preposição + substantivo.
Exemplo: amor de mãe (amor maternal).
6.1.3 Artigo
O artigo é a palavra que antecede o substantivo para determiná-lo de maneira definida ou indefinida.
Tipos:
Definido: o, a, os, as (indicam algo já conhecido).
Indefinido: um, uma, uns, umas (indicam algo ainda não conhecido).
Exemplos:
O carro chegou cedo. (carro conhecido)
Um carro passou na rua. (carro qualquer)
6.1.4 Numeral
O numeral é a palavra que indica quantidade, ordem, multiplicação ou fração dos seres.
Classificação dos numerais:
Cardinais: quantidade exata (um, dois, três).
Ordinais: ordem (primeiro, segundo, terceiro).
Multiplicativos: multiplicação (dobro, triplo).
Fracionários: divisão (meio, um terço).
Exemplos:
Comprei três livros. (cardinal)
Ela foi a segunda a chegar. (ordinal)
Ganhou o dobro do prêmio. (multiplicativo)
Comi metade do bolo. (fracionário)
6.1.5 Pronome
O pronome é a palavra que substitui ou acompanha o substantivo, indicando sua posição em relação às pessoas do discurso (quem fala, com quem se fala e de quem se fala).
Classificação dos pronomes:
Pessoais: indicam as pessoas do discurso (eu, tu, ele, nós, vós, eles).
Possessivos: indicam posse (meu, teu, seu, nosso).
Demonstrativos: indicam localização no espaço, tempo ou texto (este, esse, aquele).
Indefinidos: indicam ideia vaga (alguém, ninguém, tudo, nada, cada).
Relativos: substituem um termo anterior e estabelecem relação (que, quem, cujo, onde).
Interrogativos: formulam perguntas (que, quem, qual).
Exemplos:
Eu fui ao mercado. (pessoal)
Este é o meu livro. (possessivo)
Aquele prédio é antigo. (demonstrativo)
Alguém chamou você. (indefinido)
A mulher que me ajudou. (relativo)
Quem é você? (interrogativo)
6.1.6 Verbo
O verbo é a palavra que indica ação, estado, fenômeno da natureza, mudança de estado ou desejo.
Exemplos:
Ação: correr, falar, estudar.
Estado: ser, estar, parecer.
Fenômeno: chover, nevar, ventar.
Mudança de estado: crescer, adoecer, amadurecer.
Flexão verbal:
Pessoa: 1ª, 2ª, 3ª.
Número: singular, plural.
Tempo: presente, passado, futuro.
Modo: indicativo, subjuntivo, imperativo.
Voz: ativa, passiva, reflexiva.
Exemplo de conjugação: Verbo AMAR (Indicativo Presente)
Eu amo
Tu amas
Ele ama
Nós amamos
Vós amais
Eles amam
6.2 Classes de Palavras Invariáveis
As classes invariáveis não sofrem flexão de gênero, número, pessoa, tempo ou modo.
São elas: advérbio, preposição, conjunção e interjeição.
6.2.1 Advérbio
O advérbio é a palavra que modifica o verbo, o adjetivo ou outro advérbio, exprimindo circunstância.
Exemplos:
Verbo: Ela fala rapidamente.
Adjetivo: Ele é muito forte.
Advérbio: Ela corre muito rapidamente.
Classificação dos advérbios:
Modo: bem, mal, depressa.
Tempo: hoje, ontem, cedo, tarde.
Lugar: aqui, ali, lá, dentro.
Intensidade: muito, pouco, demais.
Negação: não, nunca, jamais.
Afirmação: sim, certamente.
Dúvida: talvez, provavelmente.
6.2.2 Preposição
Preposição é a palavra que liga dois termos, estabelecendo entre eles uma relação de dependência ou subordinação.
Principais preposições:
a, ante, após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, perante, por, sem, sob, sobre, trás.
Exemplos:
Fui a escola.
Livro de matemática.
Saiu com pressa.
6.2.3 Conjunção
Conjunção é a palavra que liga orações ou palavras, estabelecendo relações de coordenação ou subordinação.
Tipos de conjunções:
Coordenativas: ligam orações independentes (e, mas, ou, portanto).
Subordinativas: ligam orações dependentes (porque, embora, que, quando).
Exemplos:
Estudo e trabalho. (adição)
Estudo, mas estou cansado. (adversidade)
Não fui à aula porque estava doente. (causa)
6.2.4 Interjeição
Interjeição é a palavra que expressa emoções, sentimentos, reações ou chamadas, geralmente de maneira súbita.
Exemplos:
Ah! Que pena!
Bravo! Você conseguiu!
Socorro! Estou preso!
_________________________
Aula 7. Análise Sintática – Período Simples
A análise sintática é o estudo da estrutura da frase, ou seja, da relação entre as palavras e os grupos de palavras dentro de um enunciado.
No período simples, lidamos com orações que apresentam apenas um verbo ou uma locução verbal, e, portanto, expressam uma única ação, estado ou fenômeno.
Dominar a análise sintática do período simples é fundamental para:
interpretar corretamente textos;
escrever com clareza e precisão;
fundamentar a compreensão do período composto, que é uma extensão mais complexa dessas bases.
Vamos mergulhar, item a item, nos principais elementos que compõem uma oração de período simples.
7.1 Sujeito
Definição
O sujeito é o termo da oração que normalmente indica quem ou o que realiza a ação verbal, sofre essa ação, ou está em determinado estado.
Exemplo básico:
O menino correu para casa.
"Menino" é o sujeito da ação de correr.
Classificação dos sujeitos:
a) Sujeito simples
Possui apenas um núcleo (palavra principal).
Exemplo:
A professora explicou a matéria.
b) Sujeito composto
Possui dois ou mais núcleos.
Exemplo:
O pai e o filho viajaram.
c) Sujeito oculto (elíptico)
Não está expresso na oração, mas é identificado pelo contexto ou pela desinência verbal.
Exemplo:
(Nós) Estudamos muito ontem.
d) Sujeito indeterminado
Ocorre quando:
usa-se o verbo na 3ª pessoa do singular com o índice "se":
Exemplo: Precisa-se de funcionários.
ou o verbo na 3ª pessoa do singular com o pronome "se" oculto:
Exemplo: Vive-se bem aqui.
e) Oração sem sujeito (orações impessoais)
Não há sujeito. Normalmente com:
verbos indicando fenômenos naturais:
Exemplo: Choveu muito ontem.
verbo "haver" no sentido de existir ou acontecer:
Exemplo: Havia muitos alunos na sala.
verbo "fazer" indicando tempo:
Exemplo: Faz três anos que viajei.
7.2 Predicado
Definição
O predicado é tudo aquilo que se declara a respeito do sujeito.
Exemplo:
O cachorro late alto.
("Late alto" é o predicado, pois informa algo sobre "o cachorro").
Tipos de predicado:
a) Predicado verbal
O núcleo é um verbo de ação.
Exemplo:
O atleta correu muito.
b) Predicado nominal
O núcleo é um nome (substantivo ou adjetivo), e o verbo é de ligação.
Exemplo:
A vida é bela.
c) Predicado verbo-nominal
Possui dois núcleos: um verbo significativo e um nome que qualifica o sujeito ou o objeto.
Exemplo:
A mulher chegou cansada.
("Chegou" é ação; "cansada" é o estado da mulher.)
7.3 Transitividade Verbal
Definição
Transitividade verbal é a necessidade (ou não) que o verbo tem de se completar com outros termos.
Verbo intransitivo: não precisa de complemento.
Exemplo:
O avião decolou.
Verbo transitivo: precisa de complemento para fazer sentido completo.
Tipos:
Verbo transitivo direto (VTD): exige objeto direto.
Verbo transitivo indireto (VTI): exige objeto indireto (com preposição).
Verbo transitivo direto e indireto (VTDI): exige dois complementos (direto e indireto).
Exemplos:
VTD: Eu comprei um carro. (objeto direto: "um carro")
VTI: Ela gosta de música. (objeto indireto: "de música")
VTDI: Ele informou o aluno sobre o horário. (objeto direto: "o aluno"; objeto indireto: "sobre o horário")
7.4 Complemento Verbal (OD, OI, ODI)
Objeto Direto (OD)
Definição:
Completa o sentido do verbo sem o uso de preposição obrigatória.
Exemplo:
Vi o filme.
("O filme" é o objeto direto de "vi".)
Objeto Indireto (OI)
Definição:
Completa o sentido do verbo com o uso de preposição.
Exemplo:
Gostei do livro.
("Do livro" é o objeto indireto de "gostei".)
Objeto Direto e Indireto (ODI)
Quando o verbo exige dois complementos simultaneamente.
Exemplo:
Entreguei o pacote ao cliente.
"o pacote" (objeto direto)
"ao cliente" (objeto indireto)
7.5 Complemento Nominal
Definição
É o termo que completa o sentido de um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio).
Sempre com preposição.
Exemplo:
Amor à natureza.
("à natureza" completa o substantivo "amor".)
Outro exemplo com adjetivo:
Exemplo:
Fiel aos princípios.
("aos princípios" complementa o adjetivo "fiel".)
7.6 Aposto
Definição
O aposto é um termo que explica, resume, especifica ou enumera o sujeito ou o objeto.
Exemplo:
Machado de Assis, grande escritor brasileiro, escreveu Dom Casmurro.
("grande escritor brasileiro" é aposto explicativo de "Machado de Assis".)
7.7 Vocativo
Definição
O vocativo é o termo que serve para chamar, invocar ou interpelar o interlocutor.
É sempre separado por vírgula.
Exemplo:
Pedro, venha aqui.
("Pedro" é o vocativo.)
7.8 Adjunto Adverbial
Definição
Termo que indica circunstância da ação verbal (tempo, lugar, modo, causa, etc.)
Exemplo:
Estudamos muito ontem.
("Ontem" é adjunto adverbial de tempo.)
Principais circunstâncias:
Tempo: ontem, hoje, à noite.
Lugar: aqui, lá, na escola.
Modo: rapidamente, com calma.
Causa: por medo, devido à chuva.
Finalidade: para estudar.
Condição: se chover.
Concessão: apesar do frio.
7.9 Adjunto Adnominal
Definição
Termo que caracteriza ou determina um substantivo, sem completar seu sentido.
Exemplo:
O livro de matemática é difícil.
("de matemática" é adjunto adnominal, pois qualifica "livro".)
Diferença entre adjunto adnominal e complemento nominal:
Adjunto adnominal: o substantivo é ativo (praticante da ação).
Complemento nominal: o substantivo é passivo (sofre a ação).
Exemplo comparativo:
Amor de mãe (adjunto adnominal: mãe ama)
Amor à mãe (complemento nominal: mãe é amada)
7.10 Predicativo do Sujeito e do Objeto
Predicativo do sujeito:
Caracteriza o sujeito através de verbo de ligação ou de ação.
Exemplo:
O céu está azul.
("Azul" é predicativo do sujeito "céu".)
Predicativo do objeto:
Caracteriza o objeto.
Exemplo:
Considero-o inocente.
("Inocente" é predicativo do objeto "o".)
7.11 Agente da Passiva
Definição
Termo que indica quem pratica a ação verbal em uma oração na voz passiva.
Exemplo:
O livro foi escrito por Machado de Assis.
("por Machado de Assis" é o agente da passiva.)
Observações:
Sempre vem introduzido por preposição, geralmente "por" ou "pelo".
Só aparece em orações passivas.
Resumo
Sujeito → quem ou o que pratica/sofre a ação
Predicado → informação sobre o sujeito
Complemento verbal → objeto direto / objeto indireto
Complemento nominal → completa nomes
Aposto → explica ou resume
Vocativo → chama/interpela
Adjunto adverbial → indica circunstância
Adjunto adnominal → qualifica substantivo
Predicativo → caracteriza sujeito ou objeto
Agente da passiva → realiza a ação na voz passiva
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Aula 8 – Análise Sintática: Período Composto
No estudo da Análise Sintática, o período composto é o que vai além do período simples (aquele que possui apenas uma oração). No período composto, temos duas ou mais orações que se articulam entre si.
Antes de avançarmos, revisemos conceitos fundamentais:
Oração: é todo enunciado que contém, explicitamente ou implicitamente, um verbo ou locução verbal.
Período: é o enunciado que termina em ponto final, ponto de interrogação ou ponto de exclamação.
Período simples: contém apenas uma oração.
Período composto: contém duas ou mais orações.
Exemplo de período composto:
Quando cheguei à escola, encontrei os portões fechados.
Aqui temos duas orações:
Quando cheguei à escola (oração subordinada adverbial temporal)
Encontrei os portões fechados (oração principal)
Classificação dos Períodos Compostos
O período composto pode ser classificado de duas formas principais:
Por Coordenação – orações independentes, ligadas ou não por conjunções.
Por Subordinação – orações dependentes, em que uma exerce função sintática em relação à outra.
Também é possível encontrar períodos compostos por coordenação e subordinação ao mesmo tempo.
8.1 – Orações Coordenadas
As orações coordenadas são aquelas independentes entre si, ou seja, nenhuma delas exerce função sintática dentro da outra. Apesar disso, elas se unem por sentido lógico e geralmente por meio de conjunções coordenativas. Existem dois tipos principais:
a) Orações Coordenadas Assindéticas
São aquelas que aparecem sem conjunção ligando-as à anterior. O elo entre elas é dado apenas pela pontuação (geralmente a vírgula).
Exemplo: "Cheguei cedo, organizei tudo, esperei os convidados."
Neste caso, as orações são independentes e não possuem conjunções entre si.
b) Orações Coordenadas Sindéticas
São ligadas por conjunções coordenativas, que podem expressar diferentes relações de sentido. Há cinco tipos principais de orações coordenadas sindéticas:
Aditiva: exprimem soma ou adição. Utilizam conjunções como e, nem, mas também, como também.
Exemplo: “Estudou muito e passou no concurso.”
Adversativa: indicam oposição ou contraste. Conjunções: mas, porém, todavia, entretanto, no entanto, contudo.
Exemplo: “Tentou várias vezes, mas não conseguiu.”
Alternativa: exprimem alternância ou escolha. Conjunções: ou, ora...ora, já...já, quer...quer, seja...seja.
Exemplo: “Ou você estuda, ou será reprovado.”
Conclusiva: indicam conclusão ou consequência lógica. Conjunções: logo, portanto, assim, por isso, então.
Exemplo: “Estava cansado, portanto foi dormir cedo.”
Explicativa: indicam explicação, justificativa. Conjunções: porque, que, pois (antes do verbo), porquanto.
Exemplo: “Feche a janela, porque está ventando muito.”
8.2 – Orações Subordinadas Substantivas
As orações subordinadas substantivas exercem a função de um substantivo dentro da oração principal. Elas podem ser substituídas por “isso” na maioria dos casos e exercem funções sintáticas como sujeito, objeto direto, objeto indireto, complemento nominal, predicativo ou aposto. Normalmente, são introduzidas pelas conjunções que ou se.
Tipos de Orações Subordinadas Substantivas:
Subjetiva: exerce a função de sujeito da oração principal.
Exemplo: “É necessário que você estude mais.” (Oração subordinada exerce a função de sujeito de “é necessário”.)
Objetiva Direta: funciona como objeto direto de um verbo da oração principal.
Exemplo: “Desejo que todos venham.” (Objeto direto do verbo “desejo”.)
Objetiva Indireta: funciona como objeto indireto. Geralmente vem com preposição.
Exemplo: “Necessitamos de que você confirme a presença.” (Objeto indireto do verbo “necessitamos”.)
Completiva Nominal: completa o sentido de um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) da oração principal.
Exemplo: “Tenho certeza de que ele virá.” (Complementa o substantivo “certeza”.)
Predicativa: funciona como predicativo do sujeito da oração principal.
Exemplo: “A verdade é que ele mentiu.” (Oração subordinada funciona como predicativo de “verdade”.)
Apositiva: funciona como aposto, explicando ou desenvolvendo um termo anterior.
Exemplo: “Tive um desejo: que tudo acabasse logo.” (A oração explica o “desejo”.)
8.3 – Orações Subordinadas Adjetivas
As orações subordinadas adjetivas funcionam como um adjetivo, isto é, caracterizam um substantivo da oração principal. São introduzidas, geralmente, por pronomes relativos como: que, quem, o qual, a qual, cujo, onde.
Tipos de Orações Adjetivas:
Restritivas: limitam ou restringem o sentido do substantivo que acompanham. Não são isoladas por vírgulas.
Exemplo: “Os alunos que estudaram passaram na prova.” (Nem todos os alunos — apenas os que estudaram.)
Explicativas: acrescentam uma informação adicional sobre o substantivo, sem restringi-lo. São isoladas por vírgulas.
Exemplo: “Os alunos, que estudaram, passaram na prova.” (Todos os alunos estudaram e todos passaram.)
8.4 – Orações Subordinadas Adverbiais
Estas orações exercem o papel de adjunto adverbial, ou seja, modificam o sentido de um verbo, adjetivo ou advérbio, expressando circunstâncias como causa, condição, concessão, comparação, tempo etc.
Principais tipos de Orações Adverbiais:
Causais: expressam causa. Conjunções: porque, visto que, já que, como, uma vez que, porquanto.
Exemplo: “Saímos cedo porque estava chovendo.”
Concessivas: indicam contraste, oposição inesperada. Conjunções: embora, ainda que, mesmo que, se bem que.
Exemplo: “Embora estivesse cansado, continuou trabalhando.”
Consecutivas: indicam consequência. Conjunções: tanto que, de forma que, de modo que, que (precedido de tal, tanto).
Exemplo: “Estudou tanto que passou em primeiro lugar.”
Condicionais: indicam condição. Conjunções: se, caso, contanto que, desde que.
Exemplo: “Se chover, cancelaremos o evento.”
Comparativas: estabelecem comparação. Conjunções: como, que, do que, assim como.
Exemplo: “Ele corre como um atleta profissional.”
Conformativas: expressam conformidade. Conjunções: conforme, segundo, como, consoante.
Exemplo: “Conforme o regulamento, é proibido fumar aqui.”
Finais: indicam finalidade. Conjunções: para que, a fim de que, porque (com sentido de finalidade).
Exemplo: “Estudou bastante para que fosse aprovado.”
Proporcionais: indicam proporção. Conjunções: à medida que, à proporção que, quanto mais... mais.
Exemplo: “À medida que envelhecia, tornava-se mais sábio.”
Temporais: indicam tempo. Conjunções: quando, enquanto, assim que, logo que, antes que, depois que.
Exemplo: “Quando o sol nasceu, os pássaros começaram a cantar.”
8.5 – Orações Reduzidas
As orações subordinadas reduzidas são orações subordinadas sem conjunção e com o verbo em forma nominal (infinitivo, gerúndio ou particípio). Elas equivalem a orações desenvolvidas, mas têm estrutura mais concisa.
Formas de Orações Reduzidas:
De Infinitivo: verbo em infinitivo, sem conjunção.
Exemplo: “É importante estudar todos os dias.” (Equivale a: “que se estude todos os dias”.
De Gerúndio: verbo no gerúndio.
Exemplo: “Estudando com afinco, ele foi aprovado.” (Equivale a: “se ele estudasse com afinco”.)
De Particípio: verbo no particípio.
Exemplo: “Feita a prova, saíram todos.” (Equivale a: “depois que a prova foi feita”.)
As orações reduzidas assumem funções sintáticas semelhantes às das orações desenvolvidas (subordinadas substantivas, adjetivas ou adverbiais), sendo a distinção formal a ausência da conjunção e o uso do verbo em forma nominal.
O período composto é uma das maiores riquezas da construção sintática da língua portuguesa, pois permite complexidade, nuance e refinamento na expressão. Ao dominar as relações entre orações — sejam coordenadas ou subordinadas —, o estudante passa a escrever e interpretar com maior clareza, precisão e profundidade.
O estudo completo será disponibilizado gratuitamente aqui, no site www.conectados.site. Basta continuar acompanhando esta página — novos conteúdos serão publicados conforme forem liberados.
Próxima etapa: 02/05 — Aula 9. Concordância Verbal
José Rodolfo G. H. de Almeida é escritor e editor do site www.conectados.site
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