O Mito de Prometeu e a Hybris Tecnológica
 
  O mito de Prometeu é uma parábola sobre os limites do humano diante do divino. O titã que ousou roubar o fogo dos deuses não entregou apenas calor ou ferramenta ao homem, entregou-lhe a tentação de se colocar como senhor daquilo que não criou. O fogo, metáfora da inteligência e da autonomia divina, foi usurpado, e não dado. Desde esse gesto inaugural, simbólico mas revelador, a civilização teria passado a carregar consigo a marca da hybris, essa arrogância que leva o homem a confundir poder com transcendência. Não é difícil perceber a repercussão desse mito no presente. Cada novo avanço técnico, inteligência artificial, manipulação genética, transumanismo, se apresenta como se fosse uma epifania, quando na verdade repete a mesma cena arquetípica, mãos profanas tentando arrebatar aquilo que pertence ao plano do sagrado. Assim como Prometeu não escapou de sua punição, nós tampouco escapamos das correntes que fabricamos com as próprias mãos. A mitologia grega, já advertia, a ordem c...
 
 
 
