Revolução - Notas para uma autópsia da esperança pervertida

A revolução, ao contrário do que apregoam os aprendizes da nova fé secular, não é um clamor espontâneo dos oprimidos, é uma ficção intelectual, meticulosamente arquitetada por engenheiros sociais cuja patologia profunda é a negação da realidade. Confundida com rebeldia moral, com inconformismo diante da injustiça, ela é, na verdade, um sintoma avançado de niilismo, disfarçado de virtude. Não se engane: o revolucionário típico não busca corrigir as imperfeições do mundo, mas substituí-lo por uma caricatura ideológica. A mentalidade revolucionária nasce de uma recusa, não de uma proposta: recusa da tradição, da ordem espontânea, da herança cultural, da hierarquia natural, da transcendência. Sua utopia é um mundo onde nada nos precede, onde tudo pode ser reinventado sob medida, ao gosto do demiurgo ressentido que o habita. Todo revolucionário é, no fundo, um iconoclasta litúrgico: a sua religião é o culto da demolição. Ele não ama o futuro, ele odeia o passado. Por isso, sua linguag...